VINHO ORGÂNICO DE CAMBUI
HISTÓRICO.
O Cambuí
(Myrciaria tenella) é uma espécie importante da família das mirtáceas, cujos
parentes muito conhecidos são a Goiabeira, (Psídium Guajava) a jabuticabeira, (Plínia Trunciflora) a pitangueira (Eugenia Uniflora) o Araçá (Psidium
Guajava) e outros. O Cambuí é uma planta arbórea de pequeno porte. Pode
variar entre 4 até 7 metros de altura. Possui galhos pilosos, quando jovem
e glabro quando adulto. É semidecídua,esciófila e hidrófila seu caule é
escamante. Seus frutos são de bagas globosas de coloração vermelhas a roxo
quando completamente maturado e nascem nos ramos finos nas pontas dos galhos.
Sua floração varia muito conforme o micro clima local, isto é, a variação do índice
pluviométrico pode deslocar a floração e consequentemente a frutificação. Aqui
na Chapada do Araripe (sul do Estado do Ceará) acontece em períodos
diferenciados. Na zona Leste da chapada, ele flora entre final de setembro a
outubro, para o centro da chapada, próximo â floresta Nacional do Araripe e
dentro da própria floresta, ocorre entre novembro a dezembro e para a região
leste da chapada a floração se dá entre dezembro e janeiro nos municípios de
Jardim Ceará e Moreilândia Pernambuco. Nesses períodos de floração podem
ocorrer variações conforme o período chuvoso do ano anterior.
Na fase
de floração do Cambuí, é muito bonito olhar para cambuizeiro coberto com suas pequenas
flores de cor branca no inicio de sua abertura é meio creme após completar o
ciclo de abertura das flores. Fenômeno de suma importância para o meio ambiente
e principalmente para as abelhas que fazem a festa na coleta de pólen e Néctar.
O Cambuí no passado foi um dos componentes da cobertura vegetal da Chapada do
Araripe muito presente em quase todos os locais, porém com o desmatamento inconsequente para o cultivo da mandioca do Abacaxi, corte de lenhas para as
indústrias de cerâmicas, panificadoras e produção de carvão, hoje é uma espécie
que necessita de atenção especial por conta de sua drástica redução entre os
componentes da cobertura vegetal da chapada.
Numa
pesquisa realizada no ano de 2006, financiada pelo BNB, constatou-se que apenas
alguns focos se encontram isolados mais precisamente nos municípios de: Jardim,
Barbalha (muito pouco) Crato, Santana do Cariri, Nova Olinda Moreilândia
e Exu Pernambuco. Dessa planta tudo é aproveitado. As folhas muita gente usa o
chá para controlar diarréia, a madeira por ser muito dura é usada em construção
de casas pelos moradores locais em cabos de instrumentos e/ou ferramentas e seu
fruto é usado para fazer sorvete, geléia, picolé, licor doce e o vinho e até as
cascas que sobram após a fabricação de vinho está sendo feito a farinha, é uma
delicia para comer com o mel de abelhas.
Alguns
produtores locais após descobrir a capacidade da espécie para alimentação
humana e a probabilidade de melhoria na renda familiar, estão mudando sua visão
e seu comportamento em relação ao Cambuí. Alguns já iniciaram a preparação de
mudas e em suas áreas ocupadas com mandioca, estão plantando e consociando com
o cajueiro. Alem do Cambuí, existem varias outras espécies da
agrobiodiversidade da Chapada do Araripe como: a Mangaba, a Janaguba, o Araçá,
o Araticum e etc., de fundamental importância ecológica e econômica para as
populações locais. Muita coisa precisa ser feita para melhorar e até mudar o
regime de uso exploração das áreas sobre a chapada do Araripe objetivando
reverter o quadro que vem sendo construído ao longo dos anos com o sistema de
exploração degradativo. E a primeira delas é a compreensão e o compromisso dos
poderes públicos locais juntos a essas populações, orientando e capacitando-os
a usar os recursos da agrobiodiversidade de forma tecnicamente correta,
economicamente viável e ecologicamente sustentável.
Não é muito fácil produzir mudas de Cambuí.
Porem, não é impossível. As sementes possuem baixo poder de germinação. O
crescimento de uma planta originária da semente é muito lento. Da germinação
até ficar no chegar ao ponto de ser levada o campo varia de 6 a 8 meses,
portanto, é recomendável produzir as mudas durante o período chuvoso,
manter-las irrigadas durante o verão e plantar no inicio do ano seguinte no mesmo
período durante as chuvas. É dessa forma que os produtores estão fazendo aqui
na chapada do Araripe.
Cambuizeiro Florido
Fonte: Marôpo
|
Do início
da floração até o aparecimento dos pequenos frutos, ocorre entre 15 a 18 dias.
A partir desse período começa a formação dos frutos que dura em média de 3 a 4
meses. Depois disso começa a fase de amadurecimento dos frutos que é muito
rápido. Dentro de 8 dias amadurecem e caem praticamente todos. Os frutos
catados do chão não são indicados para serem usados na preparação de qualquer
produto para alimentação. Nesse período o cambuizeiro
recebe milhares de abelhas nativas de varias espécies: melíponas, Apis e tantas
outras a procura do pólen e do Néctar. É nessa fase que acontece um fenômeno
imprescindível do ponto de vista agro ambiental, a polinização, fator que
propicia a frutificação e a perpetuação da espécie quando o homem não atrapalha.Alem
do pólen e do néctar, para as abelhas outros animais silvestre se alimentam de
seus frutos
A idéia de produzir o vinho surgiu a partir de uma
pesquisa mercadológica realizada no ano de 2006 com produtos da
agrobiodiversidade da Chapada do Araripe, financiada pelo BNB. A amostragem foi
feita com Mangaba, Janaguba e Cambuí em seis Municípios que possuem áreas no
platô sedimentar do Araripe no Estado do ceará. Crato, Barbalha, Missão Velha,
Jardim, Nova Olinda e Santana do Cariri. Durante as entrevistas, constataram-se
algumas pessoas colocando o fruto do Cambuí maduro dentro de garrafa com
álcool, outros usando cachaça. Os frutos depois de alguns dias desmanchavam-se
ficando só a semente. Essa solução eles a tratavam como vinho. Outros passavam
o fruto num liquidificador, colocavam o suco numa vasilha com cachaça ou
álcool, deixava fermentar por alguns dias e depois bebiam como vinho.
Observando a coloração e degustando o preparado sentiu-se que naquele fruto
havia um potencial capaz de ser trabalhado. E assim o fizemos. No ano de 2007
iniciou-se a primeira experiência realizada com o mosto do fruto de Cambuí.
Seguiu-se rigorosamente a metodologia utilizada em fermentados de frutas.
Os resultados foram surpreendentes. O mosto do
fruto de Cambuí possui uma coloração roxa muito intensa, produzindo um vinho,
suave, muito saboroso diferente de todos os outros e muito rico em nutrientes
componentes de um bom vinho. Porque orgânico? Os frutos são colhidos de plantas
nativas nascidas e criados no seu habitat natural. Nunca receberam nada de
produtos químico bem como qualquer tipo de nutrientes e/ou agrotóxicos. Ver
fotos de Cambuí, embalagem do vinho e composição fisioquímica a seguir.
QUADRO 1: ANÁLISE BROMATOÓLOGICA
VINHO ORGÂNICO DE CAMBUÍ
|
||
COMPOSIÇÃO
FICOQUIMICA
|
||
Componentes
|
Unidades
|
Valores
|
Teor de
Álcool
|
Grau%
|
11,3°
|
Densidade
|
Gr/ml
|
1,05
|
PH
(Potencial hidrogeniônico)
|
MOL/L
|
3,12
|
Acidez
total (g/l acido tartárico )
|
Gr/L
|
15,3
|
Acidez
volátil (g/l acido acético )
|
Gr/L
|
0,99
|
SO2
livre ( dióxido de enxofre )
|
MG/L
|
23,0
|
SO2
total ( dióxido de enxofre )
|
MG/L
|
48,6
|
Extrato
Seco
|
Gr/L
|
158,0
|
Acidez
titulavel
|
%Acido
|
181,26
|
Açúcares
redutores em glicose
|
G/L
|
2,7
|
Amido
|
%/Peso
|
2,0
|
Cinzas
|
%/Peso
|
0,40
|
Ferro
(Fe) total (SBC)
|
MG/L
|
32,5
|
Fósforo
total
|
MG/L
|
0,022
|
Sólidos
dissolvidos totais ( TDS)
|
MG/L
|
100.143
|
Proteínas
|
%/Peso
|
0,13
|
Taninos
|
mg/100ml
|
235
|
Vitamina
C
|
%/Peso
|
4,2
|
Cloretos
|
%
|
1,21
|
Magnésio
(MG) total (SBC)
|
MG/L
|
72,8
|
Cálcio
(Ca) total
|
MG/L
Ca
|
306
|
Valor
energético ou calórico
|
Kcal/100
Gr
|
202,27
|
Sódio
(Na) total (SBC)
|
MG/L
|
107
|
Gorduras
totais
|
%/Peso
|
0,55
|
Cambuizeiro em maturação
|
O fruto
do Cambuí apresenta variações de cor conforme sua variedade. Tem
variedade que produz frutos de cor vermelhos, variedades com frutos de
cor roxos a preto quando completamente maduro e variedade com frutos de cor
amarela no estado final de maturação. Essa variedade de frutos amarelos, muito raramente
se encontra aqui na Chapada do Araripe. Ocorrem variações também em
relação ao tamanho do fruto, no teor de açúcar ( Brix ) e no volume de suco
e/ou mosto.
Colheita do Fruto
Fonte:
Marôpo
Fruto para mosto
Fonte: Marôpo
Visual atual da embalagem
Fonte: marôpo
PRODUTOR RESPONSÁVEL
JOSÉ DE ARAÚJO MARÔPO
Eng. Agrônomo
Fones: (88) 35234556 e (88) 9687-6539
E-mail: jm.2araujo@hotmail.com